Pela primeira vez passei um feriado em Portugal.
Para ser sincera, desta vez senti muito a falta da minha família e de todas as comemorações que costumamos fazer nesses dias. O que eu mais senti falta foram, é claro, todos os preparativos para a Páscoa, incluindo alguns enfeites e a comida.
Na sexta-feira não comemos muito, apenas uma refeição maior: arenque com natas e batata amassada. Estando aqui, senti muito a falta desse sabor. No sábado vamos à igreja para a bênção das cestas de Páscoa cheias de comida que vamos comer – ovos (já pintados ou riscados), um pedaço de pão e linguiça, sal e pimenta. Eu lembro-me que desta parte gostava menos por causa da multidão na igreja, mas de qualquer maneira os meus ovos eram os mais bonitos, por isso eu ficava orgulhosa.
Eu ainda consigo sentir o cheiro da mesa da Páscoa que é único. A nossa celebração começa com a partilha de um pedaço de ovo. Cada de nós agarra num pedaço e deseja tudo de bom, depois começamos a comer. Claro que temos zurek com linguiça branca e ovo.
O que eu realmente não gosto é o fato de que cada vez mais a maioria das coisas na mesa são de carne, mas em versões diferentes.
Ainda bem que há outra coisa que é típica na Páscoa – cwikla – rábano de beterraba vermelha, que dá um bom sabor a qualquer carne. Depois das refeições comemos bolos – o bolo típico é mazurek – fazemos sempre um com chocolate, rum e nozes, um com laranja e limão e outro com somo de ameixas, chocolate e leite condensado. É muito difícil dizer qual é o meu favorito… Eu amo todos. Outro bolo é o babka e este foi o que eu fiz aqui e embora não tenha uma forma adequada estou muito orgulhosa de mim mesma porque foi a minha primeira vez.
Eu e a Ada decidimos dividir um ovo (mas shh … ninguém deveria saber, ela é vegana). A única pessoa que não quis partilhar connosco foi o José. Não, não porque esta não é sua tradição ou ele não nos deseja nada de bom, mas por causa do cheiro que o deixa doente. De qualquer forma, depois desses desejos doces e das barrigas cheias… aqui vem segunda-feira. Para ser sincera, quase nos esquecemos de comemorar o Smigus-dyngus, que é a parte mais divertida da Páscoa. Quando a Ada me lembrou, simplesmente tínhamos que o comemorar. Tradicionalmente, hoje em dia, os rapazes jogam água às raparigas, mas na verdade todos fazem isso uns com os outros, a questão é fazer isso numa situação em que a pessoa não está à espera. Bem… acho que seria suficiente se eu dissesse que depois disto cada um de nós teve que trocar de roupa. 🙂