Sou eu mais uma vez…
Eu acho que nunca disse isto mas eu não gosto andar de avião… não odeio nem tenho nenhuma fobia mas não gosto e evito… pode parecer pelos artigos que publico neste blogue que gosto de viajar mas não… sou muito caseiro. Este artigo baseia-se na minha última viagem para a Jordânia!
No âmbito da Fundação Anna Lindh, a Rato – ADCC, em parceria com a I-Dare, está a implementar um projeto sobre o despertar das consciências para o tema das migrações e refugiados. No âmbito deste projeto, realizámos um seminário onde 7 jovens animadores sociais de Portugal se juntaram com outros 7 jovens animadores da Jordânia e trabalharam em grupo o tópico utilizando metodologias ativas e participativas. Quero deixar as palavras da Ana uma das jovens que participou e deixou este testemunho:
A Jordânia, refúgio para tantas pessoas na região do Levante que fogem em busca de um novo começo, acolheu-me a mim também e mudou o meu percurso de maneira inesperada.
…
As casas cor de areia, meias por acabar, o barulho das buzinas e os carros que aceleram no meio de um trânsito caótico dizem-me que estou no Médio-Oriente.
Parti para Amman no contexto de um projecto conjunto entre Portugal e a Jordânia intitulado “Diáspora: sensibilização sobre o tema das migrações no Mediterrâneo”. Em cooperação com outros jovens duma associação jordana participamos, ao longo de cinco intensos dias, em várias actividades sobre o tema e tivemos a oportunidade de visitar o terreno. Fomos a uma escola cristã onde as professoras dedicam o seu tempo livre a ensinar árabe e a apoiar as crianças sírias recém-chegadas ao país. Fomos também a um campo de refugiados palestinianos e à associação Circassiana – uma minoria poderosa no país que trabalha com as mulheres das comunidades mais vulneráveis.
No fim desta formação já não éramos um grupo de desconhecidos – esta experiência aproximou-nos e tornou qualquer distância que pudesse haver entre nós bem pequenina e insignificante. Quem diria que me ia sentir em casa com pessoas de outra cultura e que não falam a minha língua.
Num país onde a água escasseia e cuja população é tão diversa, é incrível ver a paz e tolerância que reina entre todos, apesar das guerras e de todas as tensões políticas na região.
Vim embora com vontade de ficar. Este projecto ajudou-me a ver mais longe e deu-me ferramentas para continuar a trabalhar e a contribuir para uma sociedade mais justa.
A bola está do nosso lado. Agora é a minha vez.
Ana Luísa Reina
Para mim, os países, sítios ou paisagens são construídos, na minha memória emocional, por pessoas com as quais partilhamos valores e trabalho. A Jordânia é mais do que a Jordânia… a Jordânia é o Iyad, a Suha, o Ahmaro… e agora, a Jordânia é o João, o Danilson, a Daniela, o Gonçalo, a Maria, a Ana e a Ana Luísa.
Até à próxima.
P.S.: A Fundação Anna Lindh tem uma rede nacional – apoiem esta rede pondo um gosto na sua página de Facebook (caso tenham conta no Facebook…) e partilhando as suas iniciativas