Os Outros no Egipto

Montagem feita por Annan Ibrahim

As pessoas fazem muitos comentários jocosos com as minhas viagens – “passas a vida passear”… “Nada de trabalho e muito turismo”… “Vais para onde tirar férias”… ora eu não gosto de andar de avião e o tempo que passas nos aeroporto é cansativo e desgastante. Tem uma coisa positiva – como passas muito tempo à espera, tens tempo para pensar, reflectir e criar soluções para os mais diversos problemas na tua vida quotidiana.

Logo Citizens for Dialogue Programme “Moltaqa Dawrak”A minha última viagem foi para o Egipto para o encontro “Moltaqa Dawrak | Citizens for Dialogue” que teve lugar na cidade de Alexandria, entre os dias 1 e 2 de Dezembro e que foi organizado pela Fundação Anna Lindh. Pelo número de dias, poderão depreender que foi uma “visita de médico” – foi cansativo e desgastante, porém trouxe algumas perspectivas novas para o futuro do meu trabalho na Rato – ADCC. O objectivo era conhecer a Fundação Anna Lindh e entender esta “máquina” e perceber que oportunidades se podem gerar.

Numa das sessões de trabalho, foi bastante interessante porque vi a apresentação do parceiro egípcio – EFYD – do projecto “Os Outros – Mala de Ferramentas Online para a Educação de Direitos Humanos” a falar sobre o impacto do Montagem feita por Annan Ibrahimprojecto no Egipto feito pela minha colega egípcia Annan. Foi para mim bastante enriquecedor ver aquela apresentação que falava de um projecto e da parceria e do impacto e efeito multiplicador – uma coisa que tinha começado em Portugal foi apropriado no Egipto. Tornou-se ainda forte porque no dia anterior tinha conhecido 2 pessoas que estavam ligadas à implementação do projecto no Egipto (Lamia e o Bondok) e que quando me conheceram havia um sentido maior de gratidão. Foi uma experiência que teve tanto de estranho como de agradável – normalmente, há um sentido de abundância de actividades em que tudo que lhes dás acaba por ser pouco e no entanto aquelas pessoas trataram-me com um respeito como se eu fosse quase uma estrela de rock n’ roll. A simpatia foi imensa e sei que estou eternamente grato – shukran.

Somos expostos a uma ideia do Egipto e dos Egípcios associada a violência e fundamentalismo: ora os egípcios que eu conheci foram de uma simpatia, hospitalidade e generosidade enormes – durante a viagem, pensei nisso e pensei como o mundo está interligado e estamos próximos uns dos outros, mais do que julgamos. O que se passa no Egipto e o que se passa em Portugal está nas nossas mãos.